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Mundo


estendi a mão ao mundo

seus dentes cravaram minha carne

havia desespero e solidão

na mandíbula a mastigar meus dedos

havia um lamento preso em sua garganta

a tornar-lhe a saliva ácida


o mundo se sentia abandonado

usado como palco para destacar

quem nem mesmo o apreciava

humilhado sob os pés que o pisavam


vazio de si mesmo,

mas tão, tão cheio dos outros


gritei com ele

a dor de um membro amputado

a desonra, a ruína

de sua história um dia gloriosa


deixei-o sorver de mim

o que já não terei de volta

fundimos nosso amargor

de ver muito

de sentir muito

e de saber que nunca

cederíamos ao preço disso.

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