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maturidade


estou amadurecendo,

tal como a fruta cujo viço

já apresenta a passagem do tempo

– uma banana dois ou três dias depois da feira.

estou aceitando as marcas como o registro

justo do processo de me tornar

quem eu sequer imaginei um dia

– tão real que não é produto dos planos.

estou me vendo mais completa

– e por "completa", percebo o que me falta,

posto que a única completude possível

é aquela em que vemos os espaços

a serem preenchidos

– e entendemos, e acolhemos, e aceitamos

o fato de que a vida é justamente isto:

a busca por preencher.

não convém tentar possuir a vida,

ela é aquilo que nos convida, provoca, incomoda

a sempre considerar o que pode ser.

aprendo, com as marcas da maturidade,

os contornos que me expressam no mundo,

mas não me encerram.

sou imparável enquanto viva,

aprendiz em honrar o meu caminho.

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