Não espere

Não espere

Ainda que nossos olhares

se desnudem por um instante

eu não vou pedir para você ficar

Não pretendo doar

meu tempo, meu corpo, meu coração

a quem caminha junto à indecisão

Quero ser certeza

Quero quem se aventure

na minha profundidade

Não espere, portanto, ouvir

palavras de convencimento

Busco e sei o que mereço

e não sou de me entregar pela metade

Comigo, sê inteiro

se não quiser partir

com o amargor do meu silêncio

Não vou sequer dizer seu nome

nem farei questão de torná-lo

saudosa lembrança

Vou lançá-lo, sim

entre as páginas do meu passado

Vou fingir algum descaso

até que o tempo torne pó

nossos momentos.

(Aos que demos adeus.)