Bipartido
- Quase Amor
- 15 de jul. de 2021
- 1 min de leitura

bipartido é o mundo
oscilante entre o riso frouxo
e a vontade de gritar intempéries até enrouquecer
oscilante entre a beleza de uma árvore
com galhos arcados cheios de flores
majestosa em suas cores exuberantes na paisagem cinza
e a miséria a revelar suas mil faces nos sinaleiros
vestida de necessidade e preocupação
de passos curtos que marcam a passagem dos carros
do tempo e da vida que ali se perdem
bipartida é a razão a ressignificar
atos, fatos e o que se esconde no silêncio
longe dos olhares, longe de qualquer juízo alheio
neste mundo bipartido
muitas são as perguntas
poucas são as respostas
e quase nada é o bastante
ser inteiro é resistência
é ousadia, talvez tolice
a nova pérola urbana
em discursos dos modernos ídolos
bipartido é o sentir de quem ainda é gente
de quem abre o peito para acolher o mundo
e sangrar as injustiças e os sofreres de outros
oscilando entre a lealdade a seus valores
e a necessidade de abandonar sua própria gentileza
apenas para manter a sanidade
bipartida é essa tal felicidade
para vê-la inteira, puxe fôlego
é preciso reunir seus fragmentos espalhados.
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